Desde muito cedo Psicologia já era o que me interessava.
Sempre estudei em escola pública e na hora do vestibular não foi diferente.
Queria fazer Psicologia na USP. Em 1975 fui aprovada e, como já previa, fiquei totalmente identificada com o curso.
Era um período de grande efervescência política e intelectual alem do conteúdo aprendido em sala de aula, as conversas dos corredores também valiam muito.
Contava muito também as espiadinhas e até participação nas aulas dos professores nossos ídolos do curso de Filosofia que na época dividia com o Curso de Psicologia os espaços do Bloco B.
No curso logo fui percebendo que as disciplinas de Psicanálise eram as que faziam todo sentido para o que eu queria estudar e fui assim intensificando as leituras, os grupos de estudo e a análise que acrescentavam e aprofundavam conhecimento.
Tive o privilégio de estudar numa das melhores Universidades do Brasil com professores excelentes, num ambiente rico em debates e conhecimento.
Numa das últimas Dinâmicas de Grupo do 5° e último Ano do Curso de Psicologia da USP, em 1979 a professora propôs um exercício que ajudasse a visualizar a passagem da vida estudantil para a vida profissional. Ao fim da movimentação parei e olhei pela janela e vi caminhos a perder de vista. Era assim que eu me sentia, pronta para sair da sala de aula e me tornar uma profissional. Longa jornada, muitos percursos nunca findados.
Comecei a trabalhar numa escola infantil fazendo psicodiagnóstico depois veio o trabalho de Orientação Profissional baseado nas idéias do Bohoslavsky que compreendia a escolha da profissão como a realização de um desejo inconsciente. Trabalho que ia além da medição de habilidades.
Na Universidade fui Professora de Teorias do Desenvolvimento, Orientação Profissional e Psicologia da Gravidez Parto e Puerpério. Fui também Supervisora de Ludoterapia e Chefe de Departamento.
Minha identificação com atividade clínica sempre foi muito clara e logo me ocupou a ponto de não mais conseguir conciliar consultório e Universidade.
O consultório tomou todo o meu tempo profissional.
Os estudos continuaram e o enfoque foi a escola Psicanalítica Inglesa (Melanie Klein) e nos últimos 9 anos, os estudos das proposta de Bion (Wilfred R. Bion) trouxeram um novo olhar para o meu trabalho.
No consultório atendi crianças e pais inicialmente, posteriormente passei para o trabalho com casais, famílias e os atendimentos individuais de adultos e adolescentes.