Crescer é ter que se deparar com a desilusão.
É ter que aceitar que não existe um “salvador” que vá resolver tudo.
É aceitar que muitas vezes procuramos fora o que está dentro da gente.
Crescer é ter que se deparar com a desilusão, com a percepção de que não é possível receber de fora tudo o que se precisa afetivamente.
O chorar não é mais o choro da exigência da satisfação imediata das necessidades como acontece na infância. É o choro da constatação de que o mundo idealizado não existe e isso é muito doloroso para todos.
Melanie Klein a psicanalista inglesa usou um modelo para explicar essa dor do crescimento.
Utilizou temos da psicopatologia para definir dois períodos importantíssimos no desenvolvimento primitivo, a primeira fase chamou de esquizo-paranoide e a segunda de depressiva.
Embora sempre associamos a palavra depressão a doença, aqui nesse modelo explicativo é considerada evolução. É a capacidade de aceitar que o amor e o ódio caminham juntos, que não existe amor sem frustração.
Amor sem frustração é idealização. Não é amor é idolatria.
Muitas pessoas não conseguem sair dessa primeira fase onde ou há amor ou ódio, pela incapacidade emocional de tolerar essa ambivalência.
Atualmente é fácil identificar essa divisão nos movimentos sociais e políticos onde as discussões ficaram polarizadas. É um momento primitivo da sociedade. A necessidade de acreditar que o líder escolhido está sempre certo e fará o bem oblitera a capacidade de enxergar a ambivalência presente em todos os vínculos.
É como se a sociedade não estivesse preparada para o crescimento, até porque a decepção é dolorosa, e estivesse sempre a procura da solução fácil e portanto idealizada