Crescer é doloroso

Escrito por Dr. fatimagadioli | Agosto 31, 2017

Crescer é ter que se deparar com a desilusão.

É ter que aceitar que não existe um “salvador” que vá resolver tudo.

É aceitar que  muitas vezes procuramos fora o que está dentro da gente.

Crescer é ter que se deparar com a desilusão, com a percepção de que não é possível receber de fora tudo o que se precisa afetivamente.

O chorar não é mais o choro da exigência da satisfação imediata das necessidades como acontece na infância.  É o choro da constatação de que o mundo idealizado não existe e isso é muito doloroso para todos.

Melanie Klein a psicanalista inglesa usou um  modelo para explicar essa dor do crescimento.

Utilizou  temos da psicopatologia para definir dois períodos importantíssimos no desenvolvimento primitivo, a primeira fase chamou de esquizo-paranoide e a segunda de depressiva.

Embora sempre associamos a palavra depressão a doença, aqui nesse modelo explicativo é considerada evolução. É a capacidade de aceitar que o amor e o ódio caminham juntos,  que não existe amor sem frustração.

Amor sem frustração é idealização. Não é amor é idolatria.

Muitas pessoas não conseguem sair dessa primeira fase onde ou há amor ou ódio, pela incapacidade emocional de tolerar essa ambivalência.

Atualmente é fácil identificar essa divisão nos movimentos sociais e políticos onde as discussões ficaram polarizadas. É um momento primitivo da sociedade. A necessidade de acreditar  que o líder escolhido está sempre certo e fará o bem oblitera a capacidade de enxergar a ambivalência presente  em todos os vínculos.

É como se a sociedade não estivesse preparada para o crescimento, até porque a decepção é dolorosa, e estivesse sempre a procura da solução fácil e portanto idealizada

 

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